Análise do software de notação musical Finale 2003

Análise do software de notação musical Finale 2003

Introdução

Utilizo o Finale desde a versão 2.0, lançada no início dos anos 1990. Nesses longos anos produzi mais de cem trabalhos profissionais (livros, métodos, grades e songbooks) para várias editoras musicais. Alguns desses foram desenvolvidos sob condições muito estressantes pois as primeiras versões do Finale eram instáveis e, quando muito exigidas, travavam o computador. O problema básico residia no fato de que o software já se propunha a desempenhar tarefas que exigiam demasiadamente das máquinas da época (computador 286, 1MB de RAM, vídeo EGA, etc.). Constantemente o programa “crasheava” devido a problemas como: pouca memória; placas de vídeo e processadores lentos; limite de número de arquivos no diretório Temp (temporário); estrutura precária de manipulação de fontes do sistema, etc. Apesar de tudo, ao comparar o resultado de uma partitura produzida no Finale com uma de seus concorrentes, ficava claro que o esforço compensava. Investi na idéia de “aguardar por um futuro melhor” e tenho certeza que fiz a opção certa. O meu otimismo em relação ao Finale (ex Coda Music, atual MakeMusic Inc.) pode ser constatado nas análises das versões 3.7 e 97 que fiz para a M&T.

Com os computadores e os sistemas operacionais atuais, o Finale pode processar com muita rapidez e segurança tudo a que sempre se propôs. O programa deixou de ser um “bicho de sete cabeças” para os iniciantes. Foi adotada uma filosofia progressiva que agrada a todos: os que precisam produzir partituras simples encontram muita facilidade e, à medida que os trabalhos tornam-se mais complexos, vai-se adentrando nos recursos mais complicados. Até a versão 97, produzir partituras apenas para ensaio ou registro, já exigia um bom nível de conhecimento das configurações dos diversos recursos, o que amedrontava os usuários. A versão 2003 é muito estável e proporciona muita tranqüilidade para se trabalhar (desde partituras simples até as mais “pesadas”). O que tenho observado é que, aos poucos, os fãs de Encore estão passando para o Finale (até porque esse já importa os trabalhos feitos em Encore).

 

O Finale 2003

Programa de notação musical com seqüenciador embutido. A impressão dos trabalhos, tanto em papel quanto em fotolito, é impecável e à prova dos músicos e editores mais exigentes.

O software possui uma quantidade ilimitada de recursos para editoração de partituras e demonstação das mesmas na tela do computador (enquanto se ouve o material anotado). Novos símbolos podem ser construídos por intermédio do editor gráfico embutido, ou seja, o que não existe, cria-se.

Possui versões para Mac (System 8.6 ou superior) e IBM-compatíveis (Windows 98/2000/NT/ME ou XP). Necessita de, no mínimo, 64MB de RAM (128MB recomendados) e 70MB de espaço livre no HD para a instalação completa. É aconselhável o uso de uma placa de vídeo acima de 16MB para que as partituras mais complexas (grades de maestro) sejam mostradas instantaneamente (inclusive com múltiplas páginas de tamanhos reduzidos). Para os que utilizam teclado musical ou guitarra MIDI para entrar notas, é necessário que o computador tenha uma interface de MIDI e, opcionalmente, um sintetizador virtual para se ouça as notas. Para entrar notas a partir de microfone é necessário que o computador tenha uma placa digitalizadora de som.

Na instalação, uma grande variedade de fontes musicais pode ser adicionada ao sistema: Petrucci, Maestro, Tamburo, Jazz, Seville, etc. A partir da versão 2002, a fonte default adotada para notas, figuras e expressões passou a ser a Maestro, a qual possui um acabamento perfeito para partituras profissionais a serem incluídas em livros. Particularmente, continuo utilizando a Petrucci que é mais ovalada, de acordo com o padrão italiano de notação musical. Para que a notação fique mais “leve”, reduzo o tamanho da fonte Petrucci de 24 para 23.

Um dos problemas das versões anteriores era adicionar novos diagramas de “braços de violão” (fretboards) nas partituras. A fonte Seville, disponível para os fretboards, apresenta, apenas, uma posição por acorde e os tipos de acordes são, igualmente, muito limitados. A fonte default para os fretboards continua sendo a Seville mas, a partir da versão 2002, tornou-se possível construir novos fretboards, diferentes dos disponibilizados nessa fonte. Esse melhoramento foi muito providencial pois passou a permitir que se crie qualquer “braço de violão” para os tipos de acordes mais inusitados. Como eu já vinha desenvolvendo minhas próprias fontes de fretboards (construídas através de um software de criação de fontes) para usar no Finale e nos editores de texto, continuo entrando os “braços de violão” via fonte, em vez de usar o construtor de fretboards do Finale 2003.

Quando se opta pela instalação completa (Typical), são incluídos os arquivos de exercícios (Finale Exercise Files). Esses arquivos são necessários para que o Exercise Wizard do Finale trabalhe corretamente. Se o componente Smart Music On Line estiver presente no computador, por ocasião de uma instalação prévia, os exercícios são instalados automaticamente no diretório SmartMusic/Exercises. Caso contrário, o usuário é questionado sobre onde deverá ser instalado o diretório do SmartMusic.

O Finale importa e exporta arquivos do padrão MIDIFile de forma que os trabalhos feitos em seqüenciadores ou em outros softwares de notação sejam intercambiáveis. Além disso, importa arquivos escaneados através dos softwares MIDIScan ou do SmartScore. Assim como os arquivos MIDIFile importados, os escaneados também não são perfeitos. É necessário limpar ao máximo os arquivos originais, no campo de MIDI e gráfico, respectivamente, para que o Finale interprete o resultado o mais corretamente possível.

Todos os elementos das partituras são completamente editáveis ou seja, tudo que se vê na tela pode ser ajustado de acordo com as necessidades de cada usuário: localização do ponto de aumento; arco da ligadura de nota (tie) ou de expressão (slur); articulações; sinais de expressão e de dinâmica; posição das sílabas de uma letra correndo embaixo da melodia; gráficos; cifras; claves de aviso; tipologia das notas; fretboards, etc. Esses ítens ficam “amarrados” às notas, aos compassos ou às posições na partitura. O Finale trata esses elementos como informações agregadas, em vez de simples gráficos. Além disso, os ornamentos e sinais de expressão podem ser direcionadas à eventos de MIDI, tais como: volume, vibrato, bend, etc.

As cifras são totalmente configuráveis e qualquer tipo de sufixo pode ser criado no Chord Sufix Editor. Posteriormente, as novas cifras podem ser arquivados como uma nova coleção para uso futuro, através do Menu / File / Save Library. Os usuários que desejarem baixar (grátis) a coleção completa de cifras que venho desenvolvendo no Finale há muitos anos, podem acessar o ítem Cifras, no meu site (www.lalves.locaweb.com.br).

Somente o Finale proporciona espaçamentos automáticos precisos, baseados nas convenções adotadas pelos melhores editores do mundo. Para que o usuário não necessite alocar cada elemento da partitura com o mouse, os espaços ideais são calculados pelo software de forma que não ocorram colisões (esbarrões) de notas, cifras, letra de música, sinais de expressão, etc.

O software permite, ainda, exportar arquivos em formato multi-plataforma. Se um projeto for iniciado em Macintosh, poderá ser finalizado em PC e vice-versa, salvando-se o trabalho como ETF (Enigma Transportable File).

Diversos recursos e atributos facilitam consideravelmente a produção de trabalhos mais complexos: zoom de 5% a 1000%; configuração de cores individuais para as ferramentas e elementos musicais; definição de oito tipos diferentes de visualização da partitura; número ilimitado de notas por compasso; quatro layers por pauta, podendo ter duas vozes por layer (equivale a oito vozes por pauta); resolução de seqüenciamento de 1024 PPQ; diferentes compassos e tonalidades em cada pauta; barra dupla de compasso automática antes da troca de unidade de tempo e de compasso; espaçamento automático instantâneo ao entrar notas e símbolos; seleção parcial de compasso; múltiplos undos; transposição cromática, diatônica, enarmônica ou modal; cria qualquer tipo de pauta; extrai partes individuais (cavadas) com controle das medidas de página e criação automática de compassos de espera (multimesure rests); importa e exporta gráficos em WMF (Windows Meta File) além de TIF, EPS e PICT; insere compassos e pautas sem desfazer a diagramação das pautas seguintes.

 

Novidades

* A interface gráfica ficou mais maleável. Agora é possível selecionar os tipos de ícones e de fundo de tela que mais agradar ao usuário.

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